MONÓLOGO LUSO - Poema dedicado a todos os Artistas e Colaboradores do Musidanças2007

CANTO O TEMA DA MEMÓRIA
DE UM POVO INVENTADO
AQUÉM TEJO CAMPONÊS,
RIBEIRINHO, OPERÁRIO.

TRÁS-OS-MONTES DEVASTADO
PELA NOITE DA FOME A SALTO
CONTO A CENA E O MARTIRIO
DO MEU PAÍS ADIADO

QUE PARA NÃO CALAR EU DIGO
COM ESTA VOZ COM QUE FALO E CANTO
QUE SÓ NOS RESTA ABORDAR
NO ALTO MAR O BARCO.

EM BUSCA DO BOJADOR,
ORIENTE, ADAMASTOR
A PRETEXTO DA FÉ, ESPECIARIAS, SUOR,
CARAVELAS COM CAFÉ

DERAM EM TROCA POR METAIS,
PANOS, MISSANGAS TANTO
QUE TROCARAM O CURANDEIRO
PELA IMAGEM DE UM SANTO

DIFERENTE DOS DEMAIS,
NA EQUIPAGEM DE DOR
DOS GAMAS E DOS CABRAIS

E EM TERRAS DE VERA CRUZ
CONTINUARAM A EPOPEIA
DESTA LINGUA SOFRIDA,
PAU BRASIL, MULATA AMIGA
SEMBA, RITMO, CARNAVAL
O FILHO AMERICA, PAI LATINO
NASCIDO EM PORTUGAL MEU DESTINO

QUE PARA NÃO CALAR EU DIGO
COM ESTA VOZ COM QUE FALO E CANTO
QUE SÓ ME RESTA PRANTAR
NESTE LUGAR DE ENCANTO
EM QUE LUTANDO EU SIGO
CANTANDO A NOSSA HISTÓRIA
NESTA CANTIGA DE AMIGO


Autoria Poema: António Cabós/Firmino Pascoal